No século XXI, o envelhecimento tornou-se um processo carregado de angústia para muitos, especialmente para aqueles que, entre os 40 e 50 anos, começam a sentir o peso da passagem do tempo e da percepção da finitude. Na tentativa de se preservar de uma sociedade que valoriza a juventude, é comum ver essas pessoas nas redes sociais ocultando suas idades ou utilizando fotos antigas, buscando uma aparência atemporal que as afaste de julgamentos sobre a velhice. É uma estratégia silenciosa para driblar o preconceito e a perda de status associada ao envelhecer.
Essas atitudes refletem uma tentativa de se manter no “presente eterno”, como se ao viver intensamente o agora, fosse possível evitar o confronto com o futuro inevitável e, consequentemente, com as perdas impostas pelo tempo. Para os idosos, as perdas são palpáveis e duras: uma série de transformações físicas, emocionais e sociais que, muitas vezes, desencadeiam o sentimento de que seu lugar na sociedade foi usurpado. Nessa fase, a ideia de "meu tempo" é constantemente revisitada; é como se o passado fosse a única terra firme, onde ainda são vistos como capazes e reconhecidos.
Um dos medos mais intensos na velhice é justamente o de ser considerado um peso para a família e a sociedade, caindo vítima do etarismo, que enxerga o idoso como alguém sem utilidade, desvalorizado e desqualificado. Esse estigma impacta diretamente sua autoconfiança, um pilar essencial para o prazer e a satisfação pessoal. Quando a sociedade reduz seu valor, também reduz sua capacidade de se ver como um indivíduo com um futuro e um presente de significado, o que os leva a se refugiar no passado – uma época onde se sentiam úteis e reconhecidos.
Assim, surge o dilema: qual o valor do presente para quem já foi privado de uma parte tão essencial de sua identidade? Para muitos, o presente se torna insosso, visto como um espaço onde o prazer e o reconhecimento são escassos. Mas, por mais que exista essa sombra de um futuro incerto, é preciso notar que estamos em uma era de transformação. A sociedade tem reavaliado suas visões sobre a velhice. O idoso do passado, preso em casa diante da televisão, começa a ceder espaço para o idoso moderno, ativo, produtivo, participando e contribuindo para a economia, mantendo um papel significativo no desenvolvimento social.
Hoje, os idosos estão em todos os lugares: na academia, na universidade, no mercado de trabalho, no voluntariado e em projetos empreendedores. Essa presença ativa desafia os estereótipos de passividade e mostra que o envelhecimento não precisa ser sinônimo de perda de valor. E assim, uma nova percepção começa a surgir: a velhice, em vez de um fim, passa a ser vista como mais uma etapa de potencial e realização. Para as gerações mais jovens, essa mudança pode ser uma lição de que envelhecer não precisa ser temido, mas, sim, uma oportunidade de construir um legado de valor em todas as fases da vida.